Babí: Klé?- ela me
abraçou- Que susto você me deu amor- ela deixou o celular cair
Eu: Vem cá- peguei o
celular para ela-, isso tudo só por causa desse “susto” que te dei?- eu ri
Babí: Ah Klé, você diz
que tá saindo de casa e do nada tá aqui- ela pegou o celular da minha mão
Eu: Tá desculpa linda-
sorri
Babí: Tá fazendo o que
aqui? Preveu que eu chegaria hoje é?- ela foi andando comigo para a saída do
aeroporto
Eu: Não, nem isso. Eu
cheguei do Paraná, na hora que tu me ligou- respondi
Babí: Fez o que lá?-
ela perguntou
Eu: É... eu fui lá na
casa da Gabi. Fui ver a Alice e tals. Mas só passei ontem lá, hoje já voltei- sorri
Babí: Atá- saímos do
aeroporto-. Carro tá aonde?
Eu: Bem- fiquei
olhando para o imenso estacionamento- por aqui- ri
Babí: Ai Jesus- ela
riu-. Me dá aqui- ela pegou a chave da minha mão e apertou o botão. Ouvimos o
barulho do alarme, ela fez denovo e vimos o carro piscando. Fiquei olhando para
ela-. De nada e aprendi isso lá em Londres ok?- fomos até o carro
Eu: Você é muito boba
garota- eu ajudei ela pegando uma das malas
Babí: E você é muito-
ela ficou me olhando-... chato- ela deu língua
Eu: Ah é? Sou chato?-
abri a mala do carro e botei a mala dela dentro
Babí: É sim- ela
entrou no carro, no banco da frente. Fechei a mala do carro
Eu: Então tá bom- entrei
no carro. Liguei, paguei o aeroporto na saída e fomos para casa. Eu parei, e
perguntei a ela-. Pra sua casa?- perguntei
Babí: Ah, se você quer
me levar para sua mansão- ela sorriu
Eu: Ah tá- ri-...
vamos pra lá mais tarde te levo pra casa. Até porque lá em casa tá meio vazio
sabe. Só eu e meus pais agora- expliquei
Babí: Tá bom, a gente
se diverte um pouco Baby- ri quando
ela disse “Baby”
Eu: Ai ai- dirigia-.
Gostou de Londres?- perguntei
Babí: Aham, claro. Lá
é muito diferente Klé. Gostei muito. Mas é bom poder voltar também sabe- ela
pegou o telefone, era um iPhone-, matar a saudade de muitas pessoas, como você-
ela sorriu
Eu: Eu também tava com
saudades- sorri-. Só no iPhone também em- ela riu
Babí: Claro. Tem
várias capas aqui. Trouxe umas aqui, se você quiser escolher algumas pra você,
eu deixo- ela riu
Eu: Atá- amostrei o
meu pra ela-. E os homens?
Babí: Ah Klé- ela
ficou sem graça-, te falei. Conheci o Diego, até achei que ia rolar algo mais,
porém, ficamos só nos beijos mas não rolou nada a mais- ela sorriu de lado
Eu: Atá- parei o carro
em frente a minha casa-. Chegamos- desliguei o carro
Babí: Oba, Mansão Klé
Stronda Rezende- ela abriu a porta do carro
Eu: Atá vai sonhando-
abri a mala para ela pegar as coisas
Babí: Ai, segura- ela
me deu a mochila-. Pode fechar aí
Eu: Ok- travei o
carro-. Vamos lá- peguei a chave de casa e entramos
Babí: Ai- ela largou
as coisas no chão- isso sim é casa boa- ela se ajogou no sofá
Eu: Ai meu Deus-
deixei minha mochila no outro sofá e liguei a TV
Babí: Vamos ver o
que?- ela deitou em mim
Eu: O que você quer
ver?- perguntei a ela
Babí: Ah nem sei Klé-
ela encostou a cabeça eu meu peito-. Eu queria mesmo é descansar um pouco
Eu: Se quiser, dorme
aí pra sempre- hã? O que eu disse?
Babí: É- ela me olhou
estranha-... tá bom então- ela deitou e não falou mais nada
Fiquei assistindo a um
jogo que passava na televisão. A Babí não descansou, não tirou um cochilo. Ela
literalmente teve um sono profundo ali. De vez enquando eu passava a mão em seu
rosto, em seu cabelo, fazia carinho...
“Ah não Kléber”
pensei. Parei e fiquei prestando atenção somente no jogo de futebol. Nesse meio
tempo a Víc me ligou, lá dos Estados Unidos. Disse que tava gostando muito de
lá- eu imaginava- e que tava super bem lá. Contei a ela tudo que havia
acontecido aqui e ela ficou um pouco chateada, e com ambos, comigo e com a
Gabriela. Ela disse que depois, quando voltasse, ia me dar um sermão daquele.
Antes de nos
desperdimos ela disse que voltava já na próxima segunda-feira. Desliguei o
telefone e deixei ele cair no chão
Eu: Ai droga- gritei
Babí: Kléber?- ela
acordou assustada
Eu: Oi Babí- olhei
para ela-. Desculpa ter te acordado assim é que meu celular caiu e...
Babí: Não Kléber- ela
me interrompeu-, tudo bem. Ai, que soninho bom- ela se levantou do meu peito
Eu: Claro né, dormiu
no melhor “travesseiro” do mundo amor- ri
Babí: Ai Jesus- ela
riu- muito bobo mesmo cara- ela ficou sentada no sofá
Eu: Seu- ai Jesus, to
falando isso automaticamente
Babí: Bobo meu é? Tá
bom então em- ela sorriu
Eu: Então- olhei o
relógio-, são nove horas...
Babí: Hã?- ela me
olhou assustada- Isso tudo? Meu Deus me leva pra casa Klé- ela levantou
Eu: Ou ou- segurei ela
pela mão- calma filha- levantei-. Eu te levando a gente pode sair daqui amanhã-
me aproximei dela
Babí: É... Klé- ela
ficou me encarando
Eu: Que Babí?- eu
continuava me aproximando dela
Babí: Bom, eu não sou
boa de expressar o que eu sinto para as pessoas sabe – ela começou a vir até
mim também
Eu: Ah não entendi
Babí- peguei sua mão
Babí: Bem é que eu
assim- ela foi até o ouvido-, eu sempre quis dizer isso e acho que agora é o
momento certo
Eu: O que?- coloquei a
mão em sua cintura
Babí: Eu...
Mãe: Kléber cheguei-
ela gritou
Eu e a Babí nos
afastamos imediatamente, pelo visto ela não tinha nos visto juntos
Eu: Oi mãe- chamei
ela. A Babí sentou no sofá
Mãe: Oi filho. Você
tava aí- ela reconheceu a Babí no sofá-. Oi Babí- a Babí levantou
Babí: Eu- ela sorriu
para minha mãe e foi até ela
Mãe: Chegou já de
Londres é?- elas se abraçaram
Babí: Aham. Cheguei
hoje. O Kléber foi lá me buscar e me trouxe pra cá. Tirei um bom sono agora à
tarde- ela sentou no sofá denovo
Mãe: Você também
voltou né- ela me abraçou-. Ainda bem que cumpriu, ia voltar cedo
Eu: Claro. Eu cumpro
minhas promessas- a Babí me olhou com uma vontade de rir, mas prendeu o riso
Mãe: Aham, sei que
você cumpre filho. Vou tomar um banho e fazer que nem você Babí, descansar
Eu: Vou levar ela tá?
Se não vai ficar muito tarde
Mãe: Quer dormir aqui
e o Kléber te leva amanhã?- minha mãe sugeriu
Babí: Ah hoje não.
Posso vim amanhã e ficar- ela sorriu-. Saudades da minha mãe, do meu pai, do
meu irmãozinho lindo- ela explicou
Mãe: Tudo bem então.
Leva ela lá e volta logo em Kléber. Até amanhã então Babí- ela subiu as escadas
Eu: É... vamos?-
peguei a chave do carro e uma das mochilas dela
Babí: Sim sim- ela
pegou a outra mochila e abriu a porta de casa
Botei as coisas dela
no banco traseiro e entrei no carro. Pegamos um engarrafamento- como sempre.
Rio de Janeiro sempre tá engarrafado- e demoramos. Choveu e não havia chegado
na casa dela. E olha que não era longe minha casa para a dela. Uns quarenta minutos
depois, finalmente, cheguei na frente da casa dela
Babí: Klé, obrigadão-
ela me abraçou
Eu: De nada- dei um
beijo em seu rosto-. Amanhã quero você lá em casa em- sorri
Babí: Estarei lá- ela
sorriu-. De manhã vou fazer um coisa... de tarde você vai se surpreender- ela
saiu do carro e pegou as mochilas atrás
Eu: Então tá- fiquei
do lado de fora do carro
Babí: Se cuida tá?-
ela sorriu
Eu: Aham- fui até
ela-. E vem cá, o que você ia me dizer naquela hora?- perguntei
Babí: Eu? Nada- ela
respondeu. Claro que percebi que ela estava mentindo
Eu: Hum... tá- decidi
não insistir-. Vou indo- entrei no carro
Babí: Até amanhã Klé-
ela acenou
Eu: Até Babí- liguei e
acelerei o carro
Peguei o mesmo
engarrafamento voltando para casa também. Fiquei ouvindo música no rádio do
carro. Mais alguns minutos depois eu cheguei em casa. Estacionei o carro na
garagem e entrei em casa. Todos as luzes estavam apagadas, fui no quarto dos
meus pais e vi os dois dormindo já. Tomei um banho e deitei na cama. Estava tão
cansado que dormi logo depois.
Meu celular tocou o
alarme às nove horas da manhã, era um alarme que eu já havia definido para
tocar nessa horário todos os dias. Abri a janela, arrumei a cama e fui tomar
banho. Agora eu tava dormindo sozinho naquele quarto grande.
Depois do banho, coloquei uma blusa de gola “v”, uma bermuda e o chinelo mesmo e desci. Vi meu pai assistindo TV e minha mãe na cozinha fazendo alguma coisa.
Depois do banho, coloquei uma blusa de gola “v”, uma bermuda e o chinelo mesmo e desci. Vi meu pai assistindo TV e minha mãe na cozinha fazendo alguma coisa.
Eu: E aí pai- sentei
no sofá
Pai: Bom dia Filhão.
Jornal?- ele perguntou me amostrando uma parte do jornal
Eu: É me empresta. Vou
ver sobre esportes- ele me deu a parte dos esportes
Pai: Teve uma menina
que ligou aqui pra casa. Queria falar com você. Disse que seu celular tava
dando desligado ou fora de área- coloquei a mão no bolso da bermuda e peguei o
celular
Eu: É- ele não
ligava-, descarregou. Devia tá com bateria fraca quando despertou ai depois
desligou. Quem era?
Mãe: Era a Babí- ela
sentou do lado meu pai-. Eu atendi. Disse que queria falar com você, urgente.
Tem uns vinte minutos que ela ligou
Eu: Hum- levantei do
sofá-, vou botar o celular pra carregar e ligo pra ela lá de cima- subi as
escadas e fui para o quarto. Liguei o celular no carregador, liguei ele e fui
nos contatos e procurei pela Babí. Dei um toque em seu nome e cliquei em
“chamar”. Deu três toques e ela atendeu
Babí: Oi amor- ela viu que era eu, óbvio
Eu: Tudo bem? Meus
pais disseram que você ligou pra cá- expliquei
Babí: To bem sim Klé. É que tipo, eu já ia para ai
meio-dia mais ou menos. Minha mãe vai sair com meu irmão ai ela já vai me levar
aí tá?
Eu: Eu te busco- olhei
no relógio. Eram dez horas-. Umas onze e meia to passando aí, tá bom?-
perguntei
Babí: Tá sim Klé. Você num sabe o que eu fiz. To
acordada desde seis e pouca
Eu: O que filha?-
perguntei curioso
Babí: Vai saber quando me ver. Às onze e meia
Kléber. Beijos- ela desligou
Eu: Ah minha bitch- falei sozinho. Desci novamente
para sala
Pai: Falou com ela?-
ele perguntou
Eu: Aham, daqui a
pouco, lá pra meio-dia vou buscar ela- sentei no sofá denovo e fiquei
assistindo um programa que passava
Pai: E o almoço?-
olhei para ele
Eu: É...- continuei
encarando ele
Pai: Toma- ele pegou a
carteira-, leva ela para almoçar fora- ele pegou algumas notas da carteira
Eu: Pai eu tenho
dinheiro- sorri para ele
Pai: Mesmo assim- ele
jogou algumas notas em mim-. Sempre bom ter a mais
Eu: Tá valeu pai-
contei. Tinha cento e oitenta reais. Guardei na minha carteira
Pai: A Babí é uma
garota legal. Cuida dela, assim como você cuidou da Gabriela durante esses
últimos meses
Eu: Ah- não sabia
porque ele tava falando isso. Agente nem namorava-... tá pai- sorri
Pai: Vou dar uma
saída, ir lá no trabalho resolver algumas coisas. Até mais tarde filho- ele me
abraçou
Eu: Até pai- abracei e
sentei no sofá
Continuei assistindo TV
enquanto esperava a hora passar. Não tava nem prestando atenção no programa que
passava na TV. Estava curioso para saber o que a Babí havia aprontado. Essa
garota, meu Deus. Quando era onze e vinte não aguentei. Pulei do sofá, fui ao
meu quarto pegar o iPhone no carregador, a chave do carro e saí batido de casa.
Fiquei um pouco mais
irritado, quando peguei o bendito engarrafamento que todo dia tinha. Vamos
andar mais de ônibus né gente? Barra agora tem BRT poxa. Cheguei na casa da
Babí em trinta minutos. Quando parei o carro em frente da casa dela já eram
cinco para meio-dia. Peguei o celular e liguei para ela avisando que já havia
chegado. Ela pediu para eu esperar um minutinho. Sei, um minutinho.
Uns cinco minutos
depois ela saiu de casa com uma mochila nas costas e aí, logo pude perceber
essa “surpresa”. Ela havia feito uma tatuagem. tatuagem? É, tatuagem. Abri a
porta do carro para ela e ela entrou do meu lado
Babí: Bom dia Klé- ela
me beijou no rosto
Eu: É- olhava pra
tatuagem dela-... é, boa tarde né?- olhei para ela
Babí: Que foi? Se
assustou com a surpresa foi? Linda né?- ela me amostrou
Eu: Aham- eram três
rosas enormes no braço esquerdo. Cada uma tinha um desenho diferente dentro da
rosa, uma caveira, um diamante e um outro desenho que não consegui identificar
Babí: Ainda falta
reforçar mais a parte colorida dela. Gostou?- ela me olhou
Eu: Gostei sim-
sorri-. Mas vem cá, você num vai voltar pra Londres? Não vai te prejudicar em
nada não?- perguntei
Babí: Ah sim. Por
exemplo, em caso de emprego, to fazendo psicologia. Imagina, psicóloga
tatuada?- ela riu- Mas tem problema não, vão ter que me aceitar- ela sorriu
Eu: Ai ai- acelerei o
carro e sai da frente da casa dela-. Mas ficou bonita sim
Babí: Obrigada Klé. É-
ela me pegou meu celular que tava no painel do carro- tá tocando Kléber
Eu: É minha mãe-
peguei o celular da mão dela-. O que será que ela quer?- atendi- Oi mãe
Mãe: Filho?- ela tava um pouco rouca
Eu: Mãe? Tá tudo bem
com você?- perguntei
Mãe: É... não filho. Aconteceu algo muito ruim
Eu: Como assim mãe?-
fui diminuindo a velocidade do carro- O que houve? Aconteceu alguma coisa com
você?
Mãe: Não, eu to bem. Pelo menos fisicamente. É...
foi com seu pai
Eu: Meu pai? O que
aconteceu mãe? Fala logo
Mãe: Ele... ele- pude perceber que ela tava
chorando do outro lado da linha
Eu: Mãe- gritei. A
Babí olhou assustada para mim
Mãe: Ele sofreu um acidente Kléber- ela
contou
Eu: Acidente?- parei o
carro no acostamento- E ele tá onde? Onde foi isso?- comecei a fazer várias
perguntas
Mãe: Foi no caminho do trabalho. Filho vem pra
casa. Por favor. Não quero que você dirija quando eu te contar isso- ela
explicou
Eu: Tá mãe, eu vou pra
casa- acelerei o carro denovo-. Chego daqui a pouco aí- desliguei o telefone
Acelerei o carro, fui
o mais rápido possível para casa. Fui devagar em certos momentos porque a Babí
pedia. Cheguei em casa dez minutos depois. Saí correndo do carro e entrei em
casa. Vi minha mãe sentada no sofá
Eu: Mãe- chamei ela
Mãe: Filho- ela
levantou e veio na minha direção
Eu: O que aconteceu
mãe?- ela me abraçou
Mãe: Seu pai... ele...
ele morreu Kléber- meu mundo parou
Eu: E-Esp- gaguejei-
espera mãe, você não tá falando sério tá?- perguntei
Babí: Klé- ela me
chamou
Eu: Oi Babí- olhei
para ela
Babí: É verdade sim-
ela me abraçou-, os médicos lá da ambulância querem falar com você- ela
entregou o telefone para minha mãe
Eu: Babí- abracei ela
forte- eu não acredito
Babí: Calma Klé,
calma. Vai ficar tudo bem tá?- ela me olhou
Eu: Eu não sei Babí-
olhava para ela
Babí: Vai sim bobo- ela
me deu um beijo no rosto
Mãe: Tá bom- ela
desligou o telefone-... Kléber- ela me chamou-, confirmaram a morte dele-
sentei no sofá
Eu: Ai meu Deus-
fiquei com a cabeça entre as mãos
Babí: Kléber vamos lá
pro seu quarto- ela me puxou e subi as escadas com ela-. Kléber- ela abriu a
porta do quarto- agora é- ela olhou pra mim-, desculpa falar assim, mas é tarde
demais
Eu: Tá, tudo bem Babí-
forcei um pouco, mas, o sorriso saiu
Babí: Ai, que hora eu fui
vir para cá em- ela sentou comigo na cama
Eu: Fica assim não
Babí, você não tem culpa de nada- peguei a mão dela
Mãe: Kléber- ela bateu
na porta do quarto- é... eu liguei, lá pra funerária e tals e... amanhã o
enterro
Eu: Tudo bem então
mãe. É- olhei para a Babí-... eu queria falar com a Babí, a sós
Mãe: Tudo bem Kléber.
Eu já pedi um táxi e to indo para o hospital. Até mais tarde filho- ela fechou
a porta do quarto
Babí: O que é Kléber?- ela perguntou
Eu: Eu só queria poder
ficar um pouco sozinho com você. Eu vou deitar, um pouco. Depois me acorda tá?-
deitei na cama
Babí: Acordo sim Klé-
ela sentou na cama e ficou do meu lado
Eu: Esse travesseiro é
melhor- deitei sobre a perna dela
Babí: Ai que menino
bobo- ela riu, pegou o controle e ligou a TV
Eu: Me acorda lá pras
sete, oito horas. Agora eu quero poder descansar um pouco
Babí: Tá Klé, você
precisa disso mesmo, descansar- ela sorriu e ficou passando a mão no meu
cabelo. Comecei a dormir logo depois
Abri os olhos, não vi
ninguém no quarto. A porta tava aberta. Imaginei que a Babí tivesse descido ou
indo no banheiro. Levantei da cama, acendi as luzes do quarto e ouvi meu
celular tocando. Quando olhei era a Brunna que tava me ligando. A última vez
que tinha falado com a best tinha sido lá na boate, a uns três ou quatro dias
atrás. Peguei o celular
Eu: Oi best- atendi
Brunna: “Oi best”? Me abandonou e atende falando “oi
best”? Muita cara de pau namoral- ela riu do outro lado da linha-. Tudo bem
best?
Eu: Sim e você? E
naquele dia ficou com o garotão?- perguntei sobre ela e o Felipe
Brunna: “Fiqueeeeei” best- ela prolongou o “e”
do “fiquei”-. Foi bom. E você também pelo
jeito não passou em branco né?- ela perguntou sobre a Rô
Eu: É, ficamos também-
respondi
Brunna: Ah best, eu mais cedo tinha ligado, aí Babí
que atendeu e me contou tudo. Que braba em best- ela se referia a morte do
meu pai
Eu: É, eu sei- vi a
Babí entrando no quarto-. Ela entrou aqui no quarto agora. Amanhã vai ser o
enterro
Babí: Vai ser as onze-
ela me falou enquanto eu estava no telefone
Eu: Best vai ser às
onze- informei a ela
Brunna: Tá eu vou best. Vou desligar porque tá o Fe
aqui, vamos sair
Eu: Caramba em tá
rápido. Vai lá, beijos, se cuida- respondi
Brunna: Você também best. Beijão- ela desligou
Babí: E aí, melhor?-
ela me deu um copo com água
Eu: É, um pouco-
respondi. Bebi o copo todo e entreguei pra ela-. Obrigado Babí
Babí: Ai ai- percebi
que não tava muito agradável o clima lá em casa
Eu: Hum- pensei-...
vamos sair?- foi a única coisa que veio na hora
Babí: Ir aonde?- ela
perguntou
Eu: Shopping, cinema,
parque... com você vou até no fim do mundo- puta que pariu, to gamando na Babí
Babí: Ai Jesus, que
menino bobo- ela riu
Eu: Seu bobo
esqueceu?- fiquei encarando ela
Babí: Meu meu meu meu-
ela ficou repetindo várias vezes e me deu um beijo no rosto-. Vamos ficar aqui
mesmo. Amanhã depois do enterro a gente vai em algum lugar, almoçar, não sei-
ela ficou me olhando
Eu: Tá bom- sorri de
lado
Babí: Fica assim não
Klé- ela me abraçou
Eu: É, tá bem. Eu vou
ligar para a Gabi- levantei da cama e peguei o celular
Babí: Tá vai lá- ela
ligou a TV
Fui para o corredor de
casa, procurei na agenda o número e liguei para ela. Na primeira vez chamou e
ela não atendeu. Na segunda também não deu nada. Na terceira vez que tentei,
ela atendeu
Gabriela: Oi Kléber- ela atendeu
Eu: Oi Gabi- falei
baixo
Gabriela: Aconteceu alguma coisa Kléber?- ela deve
ter percebido pelo meu tom de voz
Eu: É... a Alice, ela
perdeu o avô- falei logo o que havia acontecido
Gabriela: Ai meu Deus. Seu pai?- percebi que ela havia
ficado um pouco surpresa- O que aconteceu
com ele?
Eu: Ele sofreu um
acidente, como eu. Mas não saiu igual a mim do hospital
Gabriela: Ai Jesus. Enterro vai ser quando?- ela
perguntou
Eu: Amanhã- respondi-.
As onze
Gabriela: Eu vou para aí então Kl...
Eu: Não- interrompi
ela-! Vai ser muito desgastante. Tanto pra você quanto para a Alice- desci as
escadas
Gabriela: Tem certeza?
Eu: Tenho sim. Eu to
bem- vi a Babí descendo as escadas também
Gabriela: Tá bom então amor. É, depois a gente se fala
tá? Melhoras aí tá. Beijo, se cuida Kléber
Eu: Você também se
cuida Gabi. Beijo- encerrei a chamada
Babí: É... Kléber- ela
me chamou
Eu: Oi Babí- sentei no
sofá
Babí: Quer alguma
coisa pra comer?- ela perguntou- Posso pedir pizza, fazer alguma coisa ali na
cozinha
Eu: Precisa não linda-
puxei ela pro sofá-. Não to com fome não, obrigado Babí- dei um beijo em seu
rosto e peguei o notbook
Babí: Vai fazer o
que?- ela perguntou
Eu: Entrar no
Facebook- respondi
Babí: Cade seu iPad?-
ela perguntou
Eu: A Víc levou ele
para viagem. O seu iPhone, cadê?- perguntei
Babí: Tá aqui, mas tá
sem sinal- ela me amostrou
Eu: Entra no Wi-Fi
daqui de casa. A senha é “47994819”- ela botou pra conectar
Babí: Oba- havia
entrado-, obrigada Klé- ela também entrou no Facebook
Ficamos os dois ali
navegando na internet. Vi alguns post’s te pessoas que sabiam da morte do meu
pai e me marcaram: em fotos, atualizações de status lamentando a morte dele,
mensagens por bate-papo...
“Oi”
Abriu uma janelinha do
bate-papo, era a Babí. Olhei para ela e vi ela rindo baixinho. Respondi ela com
outro “oi” e fiquei navegando. Fiquei conversando também com o Yury lá no
bate-papo e disse que havia ficado com a Giselle também. Droga! Agora vou ter
que pagar quinhentos reais para a Roberta- pensei
Chegou uma hora em que
a Babí começou com um papo... “estranho”. “Sabe que eu não sei expressar o que
eu sinto né?”- ela escreveu. “É, você disse isso outro dia”- respondi. “Então
queria te dizer uma coisa”- ela respondeu.
Fiquei olhando para
ela, mas ela não olhava para mim. Então decidi responder: “O que?”- perguntei
Babí: Kléber- ela
virou para mim-... eu- ela me encarava
Eu: Você o que Babí?-
perguntei. Deixei o notbook na mesa
Babí: Eu acho que- ela
ainda se interrompia, com dúvida do que iria falar-... eu acho que gosto de
você bê- esse “bê” era de “bebê”
Eu: É- olhei para ela
surpreso. Eu também tava gostando de ficar com ela. Não sei se também gostava
dela, mas era algo diferente, eu sentia que rolava um tipo de “química” entre a
gente quando estávamos juntos-... nossa- fiquei sem palavras-. É... Babí-
chamei ela
Babí: Oi Klé- ela
abaixou a cabeça
Eu: Ei ei- chamei a
atenção dela- eu quero te dizer uma coisa também
Babí: O que?- ela
continuava de cabeça baixa
Eu: Eu gosto de ficar
com você, conversar com você, de sair com você, eu amo seu sorriso- ela
levantou a cabeça e olhou para mim-, o jeito que você sorri...
Babí: Esse sorriso-
ela me interrompeu- só existe quando eu vejo você- ela se aproximou
Eu: Babí é... eu não
sei se posso dizer que “te amo”. Mas digo uma coisa- puxei ela pra mim
Babí: Que?- ela me
encarava
Eu: Eu... eu acho que
gosto de você também- olhei para ela
Babí: Sério?- ela
perguntou
Eu: É, mas assim-
fiquei sentado ao seu lado- eu não sei se a gente deve namorar... eu não quero
magoar você se eu não puder... corresponder. Entende?- olhei para ela
Babí: Aham, eu
entendo- ela se afastou de mim
Eu: Ei, não fica
assim- peguei sua mão-. Se for certo, quem sabe num acontece- sorri
Babí: É, quem sabe-
ela sorriu
Voltamos a navegar, os
dois. Eu no notbook e ela no iPhone. Minha mãe chegou em casa era umas nove e
meia. Ela jantou e logo depois foi dormir. Eu desliguei o notbook e deixei ele
carregando lá na sala mesmo.
Eu: Babí, eu acho que
vou dormir. Amanhã tem que acordar cedo- levantei do sofá
Babí: Espera- ela
levantou com o iPhone- eu vou com você- ela sorriu
Eu: Então tá- subimos
as escadas
Babí: Boa noite- ela
me beijou no rosto
Eu: Vai ficar no de
hóspedes, tá?
Babí: Tá- ela me
soltou-. Até amanhã então
Eu: Até meu anjo e vai
dormir em, vai ficar no face não- dei outro beijo em seu rosto
Babí: Atá- ela riu-. Vou
desligar- ela falou ironicamente
Eu fui andando pro
quarto devagar, ele ficava no final do
corredor. Quando olhei para trás a Babí também tava me olhando. Ficávamos nos
encarando, ela colocou o iPhone no bolso, virou por completo e começou a vir na
minha direção. Então, eu já tava um pouco fora de mim, eu só olhava em seus
olhos, e também fui até ela, correndo e quando chegamos pertos um do outro, eu
segurei ela na cintura, colei seu corpo no meu e nos beijamos.
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